quinta-feira, junho 29, 2006

Disco Voador

Ontem fui conhecer Marte
Contemplei de perto
O brilho das estrelas
Os asteróides, os meteoros
Um cometa radiante
Vestido de noiva
Cortava os céus
Rumo ao outro que vinha
Na sua rota, ao seu encontro
O noivo reluzente
O choque
Do cruzamento explosivo
Nasceu uma constelação
Desviei por instantes o olhar
Atenção voltada para a terra
E vi que mais parecia
Uma grande bola azul
Talvez por isso mesmo
O povo que habita esse lugar
Goste tanto de futebol


Tião Nicomedes

terça-feira, junho 27, 2006

Reflexões em torno de duas amigas


Estava hoje, pela manhã, pensando no que faz duas pessoas serem amigas…
Pensei, pensei e descobri que respostas não vêm prontas: para serem amigas, duas pessoas tiveram que dar um primeiro passo em direção à algo que ambas desconheciam…
Para serem amigas duas pessoas teriam que ter um encontro com o outro no outro, ou seja, precisariam, antes de si, colocar o outro na frente, dando-lhe voz, ouvidos e ombros.
Para serem amigas duas pessoas teriam que dar as mãos para o que em nós clama por atenção, mas se deixa e se abandona um pouco ao esperar pelo outro.
Teriam que assim proporcionar uma alquimia do brincar, do estar só, uma alquimia do choro que se transforma em riso, por meio de uma palavra, por meio de um pensamento mais ou menos igual…
Para serem amigas duas pessoas teriam que aprender admirar no outro não só o que no outro lhe agrada e lhe faz crescer, mas também no que no outro pesa e nos faz zangar.
Amizade é estar com o outro também e apesar de…
É ver no outro aquilo que nos afasta, mas tentar assim sempre e mais nos aproximar.
Duas pessoas para serem amigas têm que compreender que o sofrimento do outro, passa a ser também sofrimento seu e por isso a preocupação em cuidar, em escolher palavras para falar.
Duas pessoas para serem amigas têm que ter descoberto com o outro aquilo que nelas é preciso mudar e fazer disso um exercício cotidiano de aprendizado e evolução!
Obrigada!
Rose Barboza hoje faz um agradecimento coletivo, a partir de uma homenagem individual à aniversarinate, aos seus amigos que a ajudam a continuar!

segunda-feira, junho 26, 2006

Qual o verdadeiro valor das coisas?


Há muito venho me fazendo esta pergunta e sempre me deparo com respostas um tanto quanto distantes das coisas tangíveis.
Costumo dizer que a coisa mais importante pra nós é aquela que mais carecemos naquele exato instante em que mais a desejamos. Partindo dessa premissa, há inúmeros desejos que não necessitamos de dinheiro ou coisa parecida para obtermos, e outras que, por mais poder financeiro tenhamos, não vai nos fazer atingir tais objectivos.
O valor subjectivo das coisas, ou pelo menos de certas coisas é tamanho que nem sempre sabemos expressar os nossos sentimentos e satisfações pelo fato de termos conseguido obtê-los ou vivenciá-los, e aí cabe uma explicação, pois nesse âmbito, há coisas que temos que conquistar, adquirir ou vivenciar que não seja tangível e nos faz saltitar de alegria a ponto de expressarmos frase do tipo “poderia morrer agora que morreria feliz!”
Acredito que seja o que está acontecendo com os portugueses agora depois da vitória contra a Holanda. Jamais a seleção lusitana havia ficado entre as oito melhores seleções em um mundial. O último feito, incomparável com o momento actual, foi em 1966, e, naquela altura, era também dirigida por um técnico brasileiro.
Após o jogo, os “Tugas” tomaram a praça da Marques de Pombal da capital Lisboa e puseram-se a comemorar com seus gritos de guerra que por muito tempo encontravam-se entalados nas gargantas. Necessitavam mais que gritos de golo, queriam e desejavam gritos que lavasse suas almas, que elevasse sua estima por mais efêmero e volátil venha a ser, mas tinha que ser deliciado, saboreado como um bom vinho do porto, doce, licoroso, prazeroso momentâneo.
É certo que não foi uma final de um mundial, mas para eles, posso afirmar diante do que presenciei, estar entre os oito melhores do mundo significa um título, o que não deixa de ser. Significa um mérito inédito, um feito bravo e heróico como foi o do Marquês que reconstruiu a cidade após o terremoto de 1775, coincidência ou não, foi a praça escolhida por eles para celebrarem mais uma vitória.
Para alguns, pode ter parecido exagero tal comemoração, afinal não foi um resultado final e sim a conquista para estar na próxima etapa, enquanto para outros, talvez, possa ter parecido precipitação.
Só sei que tais demonstrações de alegria e catarse por parte daqueles torcedores encheram-me os olhos a ponto de me fazer recorrer mais uma vez à pergunta que intitula esse singelo texto : Qual o verdadeiro valor das coisas?

Cor Di Ébano.

domingo, junho 25, 2006

Roy Lichtenstein

Digo-lhe não
Porque o sim é um confronto
O sim é uma incerteza
Sim para o quê?

Prefiro a segurança do não
É o não que me garante os pés no chão
É o não que me mantém aqui
Apenas e tão só dentro de mim.

Rose Barboza, vem escrevendo assim, em dias de sim ou não...

quinta-feira, junho 22, 2006

BRASÍLIA


AS ASAS
AS ÁGUAS
DO CÉU
QUE ACENDE
O VÉU
QUE VOA
FLUTUA
COM AS FLORES
DO CERRADO.
E EU SONHANDO
EM SER AMADO
PARA VOAR
NAS ASAS
DAS ÁGUAS
DO CÉU
QUE ACENDE
TRANCENDE
O VÉU
QUE APARA
CADENTES ESTRELAS
QUE SONHAVA
EM TÊ-LAS
JUNTO COM A LUA
QUE BRILHA
E FLUTUA
COM O VENTO
QUE EMBALA
AS FLORES
DO CERRADO
CANTANDO
A CANÇÃO
DO MATO
QUE ME FAZ
DORMIR
COM O FRESCOR
COM O AROMA
DA FLOR
QUE ESCOLHI
PARA SER
O MEU AMOR...
BRASÍLIA!

Cor di Ébano escreve aqui.
A. Rodin - Musèe Rodin - Paris (foto: Rose Barboza)
Obra contraditória, mas altamente expressiva, foi recusada pelo governo francês num concurso em que as coordenadas eram a representação dos grandes símbolos da revolução francesa. A liberdade, Rodin, imaginou-a assim: convulsa, ambígua, incômoda, a gritar, talvez num grito extremo: Paz!

No ar
A pirueta desajeitada despenca
Desfaz-se em baque surdo
No chão
O espaço roda
Gira
A cabeça
Um pulsar sem fim
O corpo-mamulengo
Não obedece
Em tortas manobras
Desaba novamente
A boca amarga
Seca e murcha
Comprime-se
Em um sorriso funesto
Sem dentes
Quadro grotesco
Ali, esquecido no chão
Da estação
Cansado
O corpo não responde
As desajeitadas manobras cessam
Parece desapontado
Com as infrutíferas tentativas de reerguer-se
O chão, anfitrião inigualável
Não pronunciasse
Prefere o consentimento tácito
Silencioso e frio
De quem já está acostumado a esperar
Seja quem for
Abandonado ali
Estremece uma última vez
Estrebucha e de seus lábios contorcidos
Um murmúrio rompe o espaço
Da barulhenta estação
E com os braços abertos
Qual Jesus sem madeiro
Diz com uma calma extra terrena: PAZ aos bêbados!

Rose Barboza, escreve aqui, em dias de sim...

quarta-feira, junho 21, 2006

Débito ou Crédito

É mais facil um camelo
Passar pelo buraco
De uma agulha
Do que haver
justiça social
Fim do racismo
Miséria
Fome
e pobreza
Já pra um rico entrar
no reino do ceu moderno
Tem loteamento em oferta
Á venda nas melhores igrejas
O pobre pode arrematar a agulha
Ao final das contas
Somos todos irmãos!

Tião Nicomedes escreve aqui.

terça-feira, junho 20, 2006

Que seja agora!



Essa agulha suja que me espeta
Corta-me os músculos, os tendões, a dor desperta
Invade-me queima-me, asfixia-me e dilacera
Faz-me sofrer, qual uma besta, uma quimera!
Eu no meu leito, eu quase vivo em fim da vida
Ouvi minha frágil voz chamando-te: Querida!
Descobri no meu sussurro morto que te amava
Pois, em meus sonhos, tú sempre me chamavas.
E no estado de putrefação que atravessava
Senti o hálito da boca que não beijava
Aquelas mãos que tateavam as tuas formas
Hoje repousam frágeis, trêmulas, não se conformam
Contemplarei as flores do jardim sem pressa
Impugnado a chaga do corpo que estressa
não temerei, nem pedirei que vás embora!
Se tens que ser, será assim, que seja agora!
Se tudo isso imaginei, então foi sorte!
Livra-me justo neste instante de tú, oh morte!
Mas se insistires em estar comigo a qualquer hora
Que seja em tarde de céu azul com tom de aurora.

Cor di Ébano, escreve aqui!

segunda-feira, junho 19, 2006

lição de uma miúda

- Acaso pode o céu chorar? Sempre o vejo com olheiras...
Rapidamente, interveio a miúda:
- Não, o céu nao chora! Ele faz de conta, e brinca e dança até se cansar.
Não percebes?

nilzélia oliveira, vez em quando fotografa aqui

domingo, junho 18, 2006

À primeira vista

Ela ri pra mim um riso de anjo
Me abraça forte
Silêncio.
Deslizando o rosto suavemente
O beijo mais tímido do mundo
E também o mais gostoso
Me dá
Ela vai se soltando, se entregando
Me chama de bebê, os seios em minha boca
O gosto dela.
De repente a timidez se vai
Ela quer se entregar
Implora.
Enlouquecido de desejos
Embriagado de vontade
Resisto.
Ela se revela, se diz capeta
Que é o diabo, que devo
Queimar.
Pela primeira vez estou no controle
Ela quer dominar, seu corpo
Implora.
Tomando do meu celular
Ela se inclui em minha agenda
Me liga.
Quer ter certeza que vou lembrar
Me faz prometer então
Eu Juro.
Escondo a tesão, estou enfeitiçado
Ela me olha nos olhos
Me vejo.
Nos olhos dela, dentro dela
Uma princesa, um "Q" de charme
Gostosa.
Dama da noite, dama do dia.
Sem dizer nada a meu respeito
Mordo.
Seu pescoço pra deixar um sinal
Marca proposital de lembrar
Paixão.
Olho a tela do telefone
Conferindo o nome dela
Fernanda!
Nos damos o último beijo
E sem explicar
Vou embora.

Tião Nicomedes, escreve aqui.

sábado, junho 17, 2006

Roy Lichtenstein - The kiss - 1977


Quando mirei pela primeira vez os seus olhos neles não vi algo que realmente me despertasse…
Foram mais olhos prestativos, densos e doces que me miraram…
E agora aqui sentada, ouço sem compreender dois namorados conversarem, sorriem sempre um ao outro. Imagino que a alegria é mesmo assim fica ali em torno deles, um a se sorrir imenso no outro: risadas, toques, olhares.
O mundo não está ali. Não lhes faço impressão: só, silenciosa, com um caderninho de notas numa mão, um olho a lhes observar.
São um do outro, não resta dúvida, ali não cabe mais ninguém.
Como quê refletindo-se... e me peguei fazendo aquela antiga pergunta: quantas pessoas têm sorte de, em toda a vida, presenciar algo tão intenso, estar com o outro e o outro, por ser assim nele, a ele bastar?
É isso! Eles bastam-se, não naquele egoísmo tolo de quem se sente mais... Mas, daqueles que por um instante podem felizes, sorrir-se da vida. Eles estão ali, independentemente seus…
Meus pensamentos trouxeram-me mais uma vez seus olhos e eu preferi pensar no autocarro que não chega, porque seus olhos são o meu maior problema atualmente.

Rose Barboza, escreve aqui, dia sim, dia não.

quinta-feira, junho 15, 2006

Reflexões à Companheira de Quarto

Roy Lichtenstein - Companheira de Quarto - 1993

E fiquei pensando...
Qual a essência do ser bala, para além desse papel em minha mão?
Qual o sentido de ser papel, para além do que nele eu posso escrever?
Qual o destino do convite para além do aceitar?
Qual a importância de ser bilhete quando não se é entregue?
Doce, embrulho, presença, lembrar...
Record..................................ações

Rose Barboza, mesmo com tanta coisa, está tentando aparecer aqui dia sim, dia não.

quarta-feira, junho 14, 2006

Anil Minha Sutileza Desatenta


Uma pena não haver um mapa dos meus pedaços
Do que perco quando descaminho em outros poucos parcos passos.
Os círculos que sempre, sempre, sempre se convidam
Alados só fazem observar movimentos medidos e calados.

Uma pena não haver um mapa do pó nos meus sapatos
Do que fortaleço quando desgasto meus fastos bentos bastos.
As janelas que surpreendidas com a luz que as convida
Caladas se fazem perfeitas ao adornar meus silenciosos ladários multiusos.

A luz sempre encontra um caminho seguramente sereno de nos tocar n´alma
Contrariando a regra do proibido, de tudo aquilo que só pode pouco
Quando deveria saber poder e poder saber sempre o tempo todo
Responder tudo quanto e quando te perguntam
O que te incomoda nessa foto?


Jorge Duarte Veiga Roldão (administrador de empresas e observador)

Coração de Leão

Eu nunca mais vou baixar a guarda
nunca mais vou temer o amanhã
Eu perdi o medo do hoje
Não discurso mais por democarcia
Nem luto por direitos que outros
Detêm o poder de cortar
NUNCA MAIS EU PEÇO POR FAVOR
Nunca mais eu imploro amor
Eu agora sou a minha própria lei
Eu agora desconheço governantes
Nunca mais me chamo morador de rua
Nem me deixo chamar assim
Eu não acredito mais na paz
FAREI DA GUERRA
O MEU SUSTENTO
E que se danem
Os movimentos

Tião Nicomedes escreve aqui

terça-feira, junho 13, 2006


Que século, meu Deus, diziam os ratos e começaram a roer o
edifício.
Carlos Drummond de Andrade


Uma caneta macia a reclamar o espaço silencioso e libertário da folha: papel, tinta e libertação...
E atrás de você que se vai pela porta entreaberta, afora, vai. E fica, fico inclusive eu, sentada, parada, absorta, sonho adentro. Embora. Tenha eu lutado, perdido. Essa batalha diária se forja silenciosa. Numa claridade de parede branca que sufoca o grito. Triiiii. É a dobradiça sem óleo da porta recém encostada, fechada, às suas costas. Droga! Que sonho esse sonhado e embalado em cores tão frias e gélidas como o branco que cresce e incha feito um fermento. Ilusória, talvez acabei de ouvir essa palavra num programa de TV. Fragmento. Fragmentos. Seria presságio? Afasto a idéia, aproximo o copo. É noite e fora, a chuva cai!

Rose Barboza, está com muito traballho, mas daqui a pouco volta a tentar escrever dia sim, dia não.

sábado, junho 10, 2006

Planeta Bola


O mundo pára
No mundo todo
Todo mundo olha

Vem do Terceiro mundo
Os reis do futebol
Homens de sucesso
Detentores do privilégio
De fazer todo mundo pensar
Que somos melhores em tudo

O mundo olha
Os reis correndo
Atras da bola
Que pára o mundo todo
Pra o bem do coração

Um pouco de felicidade
Não faz mal a ninguém

Até eu morador de rua
Vou fazer de conta
Que tá tudo bem
nem tem segundo, nem terceiro
Que somos todos iguais perante alei
Ninguém é mais pobre
Que o grito de gol cura tudo

E assim fazendo de conta
Vou me juntar ao povo
A multidão na praça pública
Assistindo aos jogos no telão

Vou fazer de conta que a multidão
Sentada ao chão com sede
É igual aos poucos que assistem
Do camarote vip da cervejaria brahma

O mundo todo pára
O mundo todo olha
A bola ta na rede
É hora de gritar gol

Tião Nicomedes, escreve aqui.

sexta-feira, junho 09, 2006

Estúpido

eu gosto é
dos…
maus
mausu

mal-------------------
-------------sucedidos

esse que escuta
como tu
foste estúpido!

daquele que jamais
teve a coragem de ousar,
ou brincar

pessoa essa, que vive
a delinear

o melhor momento para endoidar
com segurança


Lourenço Cardoso

segunda-feira, junho 05, 2006

imaginação 2



fotografia: nilzélia oliveira