quinta-feira, junho 22, 2006

A. Rodin - Musèe Rodin - Paris (foto: Rose Barboza)
Obra contraditória, mas altamente expressiva, foi recusada pelo governo francês num concurso em que as coordenadas eram a representação dos grandes símbolos da revolução francesa. A liberdade, Rodin, imaginou-a assim: convulsa, ambígua, incômoda, a gritar, talvez num grito extremo: Paz!

No ar
A pirueta desajeitada despenca
Desfaz-se em baque surdo
No chão
O espaço roda
Gira
A cabeça
Um pulsar sem fim
O corpo-mamulengo
Não obedece
Em tortas manobras
Desaba novamente
A boca amarga
Seca e murcha
Comprime-se
Em um sorriso funesto
Sem dentes
Quadro grotesco
Ali, esquecido no chão
Da estação
Cansado
O corpo não responde
As desajeitadas manobras cessam
Parece desapontado
Com as infrutíferas tentativas de reerguer-se
O chão, anfitrião inigualável
Não pronunciasse
Prefere o consentimento tácito
Silencioso e frio
De quem já está acostumado a esperar
Seja quem for
Abandonado ali
Estremece uma última vez
Estrebucha e de seus lábios contorcidos
Um murmúrio rompe o espaço
Da barulhenta estação
E com os braços abertos
Qual Jesus sem madeiro
Diz com uma calma extra terrena: PAZ aos bêbados!

Rose Barboza, escreve aqui, em dias de sim...

Um comentário:

Anônimo disse...

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