sexta-feira, julho 28, 2006

É um ser de espantos

José Mederox Sigler
Oggun y la Luna


É um ser de espantos
composto de olhos, boca, cabelos
e outros detalhes inapreensíveis.

É um ser diverso
desses universos
construído de impossíveis anversos,
um universo sem dimensões...

uma lágrima e um destino ...
um ser possível para os impossíveis

São as partes coloridas
da criação em movimento
ao ritmo paralisante da luz.
hora tranqüila
o desassossego.

É um ser dos contrários
e contrárioa a todas as leis - a desarmonia
mais incrível - e mais bela.

É a matéria
em estado puro
que se compõe de fantásticas visões
e se transforma em tempo - o tempo indefinível
da boca entreaberta, dos olhos brilhando, dos dedos trêmulos,
para além do que pode suportar
a frágil estrutura da emoção.

Rose Barboza, que vem escrevendo em dias de sim.

segunda-feira, julho 17, 2006

Dancem Macacos, Dancem

Postado por Lourenço Cardoso.

sábado, julho 15, 2006

Tão perto de mim

Eu cheguei bem perto das estrelas

Na altitude mais escura que pude alcançar
Eu voltei do espaço e subi a montanha mais alta

E fiquei abobado com o clarão da lua
Alumiando, o capim, o chão, a mata, tudo

E peguei uns vagalumes na palma da mão

E passei a noite falando com o universo
Contemplando a natureza, o céu
Repousei, a cabeça sobre uma pedra

Amanheceu, despertei com o canto dos passarinhos

Macacos, saguis e bujius brincavam nas árvores

Me aproximei em silêncio, contemplei a simplicidade
Reparei nas maritacas, nas araras, nos papagaios
Um bem-te-vi me mostrou a casa do joão de barro

Arquitetura, engenhosidade, pureza

Me aproximei de um correguinho: ia pescar

Mas perdi a coragem, dispensei a vara
Poupei a isca, joguei fora o anzol
Me limitei a dar uns mergulhos
Naquele dia não quis matar

Nem uma formiga sequer, uma barata

Eu reparei quanto tempo na vida

Fiquei pensando em fama, sucesso, dinheiro

E agora me dava por conta de que a vida
É tão simples e que pra ser feliz
Basta sentir e viver o amor que é de graça sempre.

Tião Nicomedes, que escreve aqui.

domingo, julho 09, 2006

Sunscreen - Video feito pela DM9DDB

Conselhos são uma forma de nostalgia...
Mas se acreditássemos em um: falaríamos: use filtro solar!

Território dos Sentidos

sábado, julho 08, 2006


Casa de farinha na comunidade Quilombola Conceição dos Caetanos, em Tururu (CE)

O mistério dessa casa deve estar entre águas: aquela que se deixa misturar, para formar da consistência da matéria-prima o produto bege-claro, leve, massa; e daquela que escorre, face abaixo mostrando que nessa mistura alquímica, trabalho e matéria são forjados em um só.

Rose Barboza e a Casa de Farinha, parte I

sexta-feira, julho 07, 2006

Pelo espaço distante

Olê, olê, olêeeeee
O grito universal ecoa
Na arquibancada, cadeiras numeradas
Na geral
Multidão enlouquecida
Vibrando com euforia
Estremece estádio inteiro
A energia que emana
Chega ao espaço sideral
Eu de lá de cima
Bem pra lá de Marte
Nem sei em que galáxia
Provavelmente Andrômeda
Ouvindo nas ondas de rádio
A festança dos terráqueos
Caras pintadas, cabelos
Chegam enfim as imagens
Com a eficácia do satélite lua
Bandeiras de todos os países
Balança meu coração
Emoção faz bater forte
Saudades do lar que um dia tive
Casa, família, amigos, discos e livros
Mas cresci e fui embora, deixando tudo pra trás
Quem eu mais amava partiu pra um mundo tão distante
Peguei uma nave e vim pro espaço infinito
Encontrar motivos pra continuar, vim sozinho na paz de Deus
Venci a solidão, os desejos, o sexo
De nada sinto falta, me encanta o brilho das estrelas
Daqui são gigantescas, de incalculável beleza
Viajo na velocidade dos ventos, do som, da luz, da vontade
Rumo ao desconhecido pra saber se encontro vidas
Mais a cada 300 anos, relembro os tempos da terra
A copa do mundo.

Tião Nicomedes.

quinta-feira, julho 06, 2006


Nunca escrevi sobre futebol.
O máximo que faço quanto ao dito esporte é entre uma olhadela e outra, torcer, gritar e xingar e como não podia ser diferente, ver o “material” que o campo apresenta, E, meninas, gurias, raparigas e gajas: Que material! Não foi assim ontem, confessa-lo-ei.
Estava eu, torradas, patê de presunto, vinho e suco na frente do ecrã. Unhas roídas. Meias-finais da Copa do Mundo, como se diz por aqui. Nervosamente via Miguel correr, Maniche lançar, Cristiano Ronaldo concentrado, sério, maduro. Deco, um gigante, cabecear. Valente, a equipa portuguesa, dominou Zidane, marcado; barrou a velocidade de Thierry Henry e, lá por ironias do destino e, uma certa ajuda da arbitragem, estacou no 1x0, mas não deixou o moral baixar. A França defendeu, defendeu, defendeu e esqueceu-se do contra-ataque, Portugal crescendo, mostrou-nos, inclusive aos brasileiros, como é um show de futebol: bola no peito, no pé, na cabeça, garra, o choro de Miguel, admitindo não poder mais jogar. Vontade de fazer história, de virar o jogo. Meias-finais, Ricardo (guarda-redes) no ataque. Dois minutos, é preciso não desaminar… Mas… Futebol tem disso, e como dizia um amigo, companheiro de blog, essa é a magia, futebol diferente de basquete, vôlei ou o que mais for depende de sorte, de reveses, da ambiguidade, do juiz… Portugal, gigante mostrou garra, maturidade e se projetou frente a uma impassível França, já mítica do mestre Zidane. Jogou futebol, fez seu show.
Contudo, a Marselhesa, mais uma vez, silenciou o som do Fado, deixando aquele gosto amargo.
Nos resta a Alemanha, e ver de novo o jogo bonito dos meninos do Scolari, sem batota, com determinação. Porque sou a favor do show e continuo a acreditar na magia do futebol, vou torcer para Portugal e conclamá-los a engrossar essa torcida!

Rose Barboza, hoje faz às vezes de comentadora futebolística. Por favor, dêem um desconto.

quarta-feira, julho 05, 2006

o macaco está certo!

Amiga preta! Amiga branca!
Amigo preto! Amigo branco!

Felicitações!

Não quero mais tumulto
Espero com paciência minha coleira

Bobeira, polemizar...
A máxima é reformar!

Entrei no Olimpo furioso
como dizem os rappers:
“Cachorro louco!”

INSTITUCIONALIZEI

Passei pela criança de olhos vazados
Não liguei!
Encontrei jesus me curei.

Agora como todos:
digo: amém

Se há racistas?
Não sei

Aprendi
Apreendi...
me curvei....
andei... andei...
fui longe
voltei

Tinha nojo d’outros
Tenho nojo de mim

Quem for racista apresente-se!
Saia de cima do muro,
pois pode cair e
você se ferir
Quem for racista apresente-se!
Não seja tímido!

Vamos resolver o litígio...
no futebol

Eu levarei o pelé e o ronaldinho
E vocês o canhão

Racista!
Irmão!
Apresente-se!
É lícita
a livre expressão

Quando procurei orientação.
Conjunta/Ação
Encontrei... “Vencidos”
“Vendidos”

Disseram: - extermínio é antigo,
“não”/ preto, LAS CASAS

“- Morrer é bom!”
Por isto te matam

“- Viver também é bom!”
Por isto te estupram!

A preta, o preto!
Ou devo dizer com respeito
NEGRA
NEGRO

São...
Estão...
fragmentados
e pretendem se curar

A “curra”
a cura
é branca
O embranquecimento é preto!

Inteligência branca se esquece...
EMBRANQUECER
não deixa de ser...
ESCURECER
A negra, o negro,
“De Nível”
Não tomam parte
São covardes!

Mantêm bens...
que não têm

Evitam conflitos,
lutam em equívocos

Abandonam o deus invisível
Submete-se ao amigo
Não pretendem decepcionar
A amiga o amigo, bonito, que quando o apóia diz:
O MACACO ESTÁ CERTO!



Lourenço Cardoso

Cada ética tem sua ótica!

Se a felicidade é o fim último do ser humano
Eu desejo um mundo onde as pessoas sejam felizes no espaço em que se encontram
Seja territorial, psicológico ou social
Para mim, isso não significa acomodação e sim
A possibilidade da felicidade existir sob outras concepções de mundo
Paralelamente desejo
Que aqueles que almejam outro espaço, tenham condições de buscá-lo
Sem perseguições e pré conceitos
O "status quo" tem que estar em nós
A moral imposta nem sempre corresponde ao desejo social
Cada indivíduo tem sua história, seu contexto
Cada ética tem sua ótica!

Cristiane Colar, enviou esse texto como colaboradora do blog.

terça-feira, julho 04, 2006

Roy Lichtenstein


Difícil
Expressar o quê
Não se sente

Difícil
Interpretar o quê
Não se distingue

Difícil, Distinguível, Sentido...

Rose Barboza, que está tentando escreve por aqui em dias de sim...

domingo, julho 02, 2006

Insurreição e ressurreição Francesas


Enquanto os franceses vivem uma das mais delicadas e tensas crises de identidade , insurgindo-se por meio de conflitos e distúrbios pelas ruas entre cidadãos brancos e pretos, nobres e pobres, a seleção francesa ressurge de forma avassaladora às vésperas da grande final do campeonato mundial de 2006, mostrando-se uma forte candidata ao título.
O fato mais intrigante para mim, um afro-brasileiro que vive entre tensões e crises parecidas, dentro e fora do Brasil, é perceber que para aquela seleção (francesa mestiça) que está a se apresentar no campeonato mundial, a crise parece não existir, pelo contrário, dos onze jogadores em campo na última partida contra o Brasil, sete deles eram negros, inclusive o grande definidor da partida, Thierry Henry.
Enquanto a França quer proibir a imigração dos “cidadãos de segunda classe”, o “lixo humano”, como são chamados os filhos dos imigrantes pelo ministro do Interior, Nicolas Sarkozy (que também é filho de imigrantes), a seleção francesa, inconscientemente, apazigua a situação, para além de dar tapas com luvas de pelica na alta sociedade francesa, como se pedindo respeito e justiça social num país que sempre buscou a hegemonia e ditou moda.
É lamentável que algumas autoridades e uma larga parcela da sociedade no mundo ainda não se deram conta do multiculturalismo que vivemos, fruto do próprio colonialismo autoritário praticado pelos “heróis” do passado. Heróico seria se seus descendentes assumissem o (mal) feito e reparassem os erros, sem extermínios, genocídios, sem exclusões.
Entre as insurreições e ressurreições, espera-se chegar na redenção para todo o bem da humanidade, sobretudo da França. Em um momento como este, no qual o mundo respira futebol, espera-se que a seleção francesa, aquela mestiça do Thierry Henry, do Saha e do Zidane, possa servir de exemplo para aqueles que os governam. Desejo boa sorte aos franceses, que eles sejam campeões da justiça, da igualdade e da fraternidade.
Cor Di Ébano.