domingo, julho 02, 2006

Insurreição e ressurreição Francesas


Enquanto os franceses vivem uma das mais delicadas e tensas crises de identidade , insurgindo-se por meio de conflitos e distúrbios pelas ruas entre cidadãos brancos e pretos, nobres e pobres, a seleção francesa ressurge de forma avassaladora às vésperas da grande final do campeonato mundial de 2006, mostrando-se uma forte candidata ao título.
O fato mais intrigante para mim, um afro-brasileiro que vive entre tensões e crises parecidas, dentro e fora do Brasil, é perceber que para aquela seleção (francesa mestiça) que está a se apresentar no campeonato mundial, a crise parece não existir, pelo contrário, dos onze jogadores em campo na última partida contra o Brasil, sete deles eram negros, inclusive o grande definidor da partida, Thierry Henry.
Enquanto a França quer proibir a imigração dos “cidadãos de segunda classe”, o “lixo humano”, como são chamados os filhos dos imigrantes pelo ministro do Interior, Nicolas Sarkozy (que também é filho de imigrantes), a seleção francesa, inconscientemente, apazigua a situação, para além de dar tapas com luvas de pelica na alta sociedade francesa, como se pedindo respeito e justiça social num país que sempre buscou a hegemonia e ditou moda.
É lamentável que algumas autoridades e uma larga parcela da sociedade no mundo ainda não se deram conta do multiculturalismo que vivemos, fruto do próprio colonialismo autoritário praticado pelos “heróis” do passado. Heróico seria se seus descendentes assumissem o (mal) feito e reparassem os erros, sem extermínios, genocídios, sem exclusões.
Entre as insurreições e ressurreições, espera-se chegar na redenção para todo o bem da humanidade, sobretudo da França. Em um momento como este, no qual o mundo respira futebol, espera-se que a seleção francesa, aquela mestiça do Thierry Henry, do Saha e do Zidane, possa servir de exemplo para aqueles que os governam. Desejo boa sorte aos franceses, que eles sejam campeões da justiça, da igualdade e da fraternidade.
Cor Di Ébano.

3 comentários:

Anônimo disse...

"Desejo boa sorte aos franceses, que eles sejam campeões da justiça, da igualdade e da fraternidade".
Mas campeões do mundo não, né? Isso é bom deixarem o lugar para Portugal.

Anônimo disse...

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Anônimo disse...

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