segunda-feira, junho 26, 2006

Qual o verdadeiro valor das coisas?


Há muito venho me fazendo esta pergunta e sempre me deparo com respostas um tanto quanto distantes das coisas tangíveis.
Costumo dizer que a coisa mais importante pra nós é aquela que mais carecemos naquele exato instante em que mais a desejamos. Partindo dessa premissa, há inúmeros desejos que não necessitamos de dinheiro ou coisa parecida para obtermos, e outras que, por mais poder financeiro tenhamos, não vai nos fazer atingir tais objectivos.
O valor subjectivo das coisas, ou pelo menos de certas coisas é tamanho que nem sempre sabemos expressar os nossos sentimentos e satisfações pelo fato de termos conseguido obtê-los ou vivenciá-los, e aí cabe uma explicação, pois nesse âmbito, há coisas que temos que conquistar, adquirir ou vivenciar que não seja tangível e nos faz saltitar de alegria a ponto de expressarmos frase do tipo “poderia morrer agora que morreria feliz!”
Acredito que seja o que está acontecendo com os portugueses agora depois da vitória contra a Holanda. Jamais a seleção lusitana havia ficado entre as oito melhores seleções em um mundial. O último feito, incomparável com o momento actual, foi em 1966, e, naquela altura, era também dirigida por um técnico brasileiro.
Após o jogo, os “Tugas” tomaram a praça da Marques de Pombal da capital Lisboa e puseram-se a comemorar com seus gritos de guerra que por muito tempo encontravam-se entalados nas gargantas. Necessitavam mais que gritos de golo, queriam e desejavam gritos que lavasse suas almas, que elevasse sua estima por mais efêmero e volátil venha a ser, mas tinha que ser deliciado, saboreado como um bom vinho do porto, doce, licoroso, prazeroso momentâneo.
É certo que não foi uma final de um mundial, mas para eles, posso afirmar diante do que presenciei, estar entre os oito melhores do mundo significa um título, o que não deixa de ser. Significa um mérito inédito, um feito bravo e heróico como foi o do Marquês que reconstruiu a cidade após o terremoto de 1775, coincidência ou não, foi a praça escolhida por eles para celebrarem mais uma vitória.
Para alguns, pode ter parecido exagero tal comemoração, afinal não foi um resultado final e sim a conquista para estar na próxima etapa, enquanto para outros, talvez, possa ter parecido precipitação.
Só sei que tais demonstrações de alegria e catarse por parte daqueles torcedores encheram-me os olhos a ponto de me fazer recorrer mais uma vez à pergunta que intitula esse singelo texto : Qual o verdadeiro valor das coisas?

Cor Di Ébano.

Um comentário:

Anônimo disse...

Keep up the good work. thnx!
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