terça-feira, junho 20, 2006

Que seja agora!



Essa agulha suja que me espeta
Corta-me os músculos, os tendões, a dor desperta
Invade-me queima-me, asfixia-me e dilacera
Faz-me sofrer, qual uma besta, uma quimera!
Eu no meu leito, eu quase vivo em fim da vida
Ouvi minha frágil voz chamando-te: Querida!
Descobri no meu sussurro morto que te amava
Pois, em meus sonhos, tú sempre me chamavas.
E no estado de putrefação que atravessava
Senti o hálito da boca que não beijava
Aquelas mãos que tateavam as tuas formas
Hoje repousam frágeis, trêmulas, não se conformam
Contemplarei as flores do jardim sem pressa
Impugnado a chaga do corpo que estressa
não temerei, nem pedirei que vás embora!
Se tens que ser, será assim, que seja agora!
Se tudo isso imaginei, então foi sorte!
Livra-me justo neste instante de tú, oh morte!
Mas se insistires em estar comigo a qualquer hora
Que seja em tarde de céu azul com tom de aurora.

Cor di Ébano, escreve aqui!

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