quinta-feira, maio 25, 2006


O inferno dos vivos não é uma coisa que virá a existir; se houver um, é o que já está aqui (...). Há dois modos para não sofrermos. O primeiro torna-se fácil para muita gente: aceitar o inferno e fazer parte dele a ponto de não o vermos. O segundo é arriscado e exige uma atenção e uma aprendizagem contínuas: tentar e saber reconhecer, no meio do inferno, quem e o que não é o inferno, e fazê-lo viver, e dar-lhe lugar.

Ítalo Calvino In: As cidades invisíveis
Essa fotografia é de Helen Juarez, mexicana nascida em Puebla, que hoje mora em Guadalajara. As fotos da jovem Helen nos transportam para um mundo diferente... Um mundo onde não é possível julgamentos imparciais, onde se tem que optar.
E o que ela nos ensina é que temos que optar, mesmo não sendo muito fácil pela segunda alternativa, de que fala Calvino: reconhecemos sim, no mundo, uma luta de forças, mas essa luta entre força e poder precisa ser equilibrada por nossa possibilidade de lutar contra a miséria, o sofrimento e o abandono.
Da humanidade da "objetiva" de Juarez nos fica a lição maior de que estamos aqui, para dar lugar e espaço para que as experiências humanas cresçam e floresçam, que o afeto e o olhar para o outro seja o nosso horizonte de "ambição" cotidiana.
Esse outro que transmutado em diferente, às vezes é silenciado, pelo nosso modo de "focar" o inferno, vivendo nele, esquecendo-se que haverão alternativas sempre.
Minha alternativa hoje e meu horizonte de atuação é descobrir o que não é inferno e trilhar o caminho do encontro.
Muito prazer!

Rose Barboza escreve aqui, dia sim, dia não.

Um comentário:

Paulo Ivan Moreira Fonseca disse...

"Há sempre alternativas..."
Bem-Vinda ao Meu Mundo, Baby!