
Eu não acho mais graça nenhuma nesse ruído constante
que fazem as falas das pessoas falando,
cochichando e reclamando,que eles querem mesmo é reclamar,
como uma risada na minha orelha,
ou como abelha,
ou qualquer outra coisa pentelha,
sobre as vidas alheias,
ou como elas são feias,
ou como estão cheias de tanto esconderem segredos que todo mundo já sabe,
ou se não sabe desconfia.
Eu não vou mais ficar ouvindo distraido eles falarem deles
e do que eles fariamse fosse com eles e o que eles não fazem dejeito
nenhum,
como se interessasse a qualquer um.
Eles são: as pessoas, todas as pessoas, fora os mudos.
Se eles querem falar de mim, de nós, de nós dois,
falem longe da minha janela,por favor, se for falar do meu amor.
Eu agora só escuto rádio, vitrola, gravador.
Campainha, telefone, secretária eletrônica eu não ouço nunca mais,
pelo menos porenquanto.
Quem quiser papo comigo tem que calar a boca enquanto eu fecho o
bico.
E estamos conversados. (by Paulo Tatit e Arnaldo Antunes)
Roy Lichtenstein é o artista que fez o quadro: "Reflexões sobre a senhorita" (1990)
Rose Barboza escreve aqui, dia sim, dia não.
Um comentário:
É verdade a frase que diz: "Se for falar comigo. Fale comigo, não fale com vocês."
Teu texto me lembra essa frase.
Teu texto me mostra que vc se incomoda. Se eu fosse uma das pessoas que fala sob a sua janela, estaria feliz.
Ou nada disso. Só embarquei. Desculpe se não destes o texto para os tapas. rs
Parabéns!
Postar um comentário